quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sequential Art


Filme: "Crouching Tiger, Hidden Dragon" (2000)
Realizador: Ang Lee
Em cena: Ziyi Zhang (como Jen Yu) e Chen Chang (como Lo 'Dark Cloud')




 







segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

António Pinho Vargas - Dança Dos Pássaros



 


Life in a Day


  
    
Há pouco, a minha mãe entrava em casa, vinda das compras, com tanta roupa vestida que ao vê-la passou-me pela mente a ideia de que se por um extraordinário acaso no seu regresso se tivesse cruzado com algum esquimó, este com toda certeza a havia considerado uma criatura digna de ser nomeado seu igual. Ao que a mim diz respeito, faço tensões de dar um giro dentro em pouco: ainda estou na fase de vou ou NÃO vou? Acontece que me esmorece, de quando em quando, a vontade de ir para rua: fico com calafrios só de ouvir o vento rugir lá fora....
          
Isto me faz lembrar Tonio Kroger, título de um dos livros que mais aprecio de Thomas Mann. Um dos personagens deste curto romance, de nome Adalbert (o novelista), ousava afirmar que a Primavera era a mais horrível das estações do ano. Maldito sejas Adalbert! Eu queria ver se, num frio diabólico destes, eras facilmente capaz de formular um único pensamento razoável ou de trabalhar um efeito ou um clímax, por pequeno que seja.
         
Todavia, o mais estranho disto tudo é que muito embora me sinta acossado pelo frio, paradoxalmente o sitio onde mais gostaria de estar neste momento era em  Park City (Utah, oeste dos EUA), cidade que, segundo alguns dizem, tem "a melhor neve do mundo", e onde também fica estação de esqui considerada a número 1 dos Estados Unidos. Mas pelo pouco amor ao clima invernal que já demostrei ter, é dedutivel não serem de todo estas as razões que me levam a querer lá estar, não obstante numa dada perpectiva as considere dignas de se ter em conta. O meu desejo advem simplesmente do facto de, durante estes dias, estar a decorrer nesta cidade um evento que pode ser visto como o acontecimento mais quente a nível cinematográfico antes dos Óscares.
         
Refiro-me a 27ª edição do Sundance Film Festival, o mais importante festival de cinema independente dos EUA, fundado pelo actor Robert Redford (aqui entre nós mais talvez conhecido pelo filme “O encantador de cavalos”). Este festival iniciou-se em 1978, como U.S. Film Festival. No entanto, em 1985, o Sundance Institute, fundado anos antes pelo mesmo actor com o intuito de ajudar novos cineastas, incorporou o evento entre seus programas, dirigindo-o para as produções independentes.

       
Desde então que o festival tem sido para muitos cineastas o ponto de arranque para a aceitabilidade e sucesso dos seus tarbalhos junto do grande publico. Nomes como Quentin Tarantino, Steven Soderbergh, os irmãos Coen, Wes Anderson, Todd Solondz (magnífico Todd Solondz, vejam “Happiness”), Bryan Singer, Christopher Nolan são alguns exemplos de cineastas que, desde 1985, foram lançados pelo Festival de Sundance. É de referir também que, de anos para cá, tem sido algo costante neste evento, estrearem-se filmes que logo no ano seguinte são nomeados aos Óscares (como acontece este ano com “The Kids Are All Right” de Lisa Cholodenko) ou simplesmente tranformam-se em fenômenos populares (caso de “(500) Days of Summer” de Marc Webb que, em 2009, recebeu uma ovação de pé no festival).
           
Este ano, o Sundance, que começou na quinta feira passada, terminará apenas no ultimo domingo deste mês. Serão apresentados mais de 200 títulos, sendo que apenas 115 filmes estão em compentição. Porém, estando eu já ansioso para que alguns destes filmes CEDO venham parar as nossas salas de cinema, as minhas atenções este ano estão mais voltadas para os documentarios. Dentro de escassa lista de propostas que circulam nos meios de comunicação e que tive a oportunidade de me informar mais acerca deles, dois espero veementemente poder ver dentro de algum tempo. Um deles é o intrigante “The Redemption of General Butt Naked” que relata a história de redenção do liberiano Joshua Milton Blahyi, que acoselhado pelo diabo, fez sacrifícios, foi canibal, conduzio as suas tropas nu e foi responsável pela morte 20 mil pessoas. Contudo, depois viu Jesus Cristo. Arrependeu-se de todos os pecados e criou a sua própria igreja. Isto é no mínimo descorcentante! Imaginemos Hitler convertido ao cristianismo a andar pelas ruas a suplicar o perdão dos Judeus e outros povos…
           
Outro documentário que me parece bastante interessante é o realizado por Ridley Scott e Kevin MacDonald e intitulado “Life in a Day”. Este é composto apenas por filmagens de 80 mil pessoas inseridas no site Youtube, no dia 24 de Julho do ano passado, a pedido dos mesmos realizadores. O intuito é simplesmente criar aquilo que é um dia na vida do mundo, das cidades mais cosmopolitas às aldeias mais recônditas.