domingo, 26 de dezembro de 2010

Crónica de um Natal



          

    
 O céu, de um azul quase naval, é um quadro que se encontra ainda na fase inicial da sua concepção, sendo pintado por um artista meio sonolento. Possui, dispersos, pinceladas de nuvens lilás traçados com desleixo. Na linha onde ela inicia a sua separação com tudo quanto é terreno, vislumbra-se um brilho ténue e alaranjado que pouco ou nada deixa antever as inúmeras possibilidades que o dia depositatrá nas nossas mãos.
           
Nas ruas o vento frio quase que não encontra qualquer obstáculo humano durante o seu jogging matinal. Compassadamente vão-se apagando as últimas lâmpadas dos postes de luz. Hoje, são poucos os cafés que se encontram abertos, porém nem por esta razão há maior concentração de individuos neles. Nos transportes públicos as pesoas em geral buscam soldar-se o mais possível nas suas cadeiras de modo a gerar mais calor nos seus corpos. Por outro lado, alguns individuos menos preocupados procuram tão só terminar o sonho enterropido pelo grito sempre pontual do despertador.
           
Chego ao trabalho três minutos depois das oito, ligeiramente atrasado como sempre. Apresento-me junto á supervisora cumprimentando-a. "Ah!, chegaste. Vá, depressa, temos muito trabalho a fazer! Senta-te no teu lugar, se faz favor. Olha, não precisas ligar o computador que eu já o fiz. Se não te lembrares de alguma passe chama-me, 'tá bem?", sauda-me, simpática.
            
Ocupo o meu posto. Antes de começar a trabalhar circunvagueio os meus olhos pelo espaço que me rodeia: reparo que somos poucos; reparo que os indicadores de satifação que estão expostos nos vários ecrãs espalhados na sala, apresentam os valores máximos; reparo que os que me cercam têm quase todos uma expressão mais descontraida estampada no rosto... Este cenário reconforta-me, de certa forma; pois denucia que as tarefas que me agurdam não são de difícil resolução.
           
As chamadas vão marcando o ritmo da passagem do tempo. Anunciam-se as previsões de entregas, anunciam-se a chegada dos motoristas, auxiliam-se estes quando não encontram com facilidade a morada dos clientes e contactam-se os últimos a pedido dos primeros; registam-se os levantamentos de artigos cancelados, reagendam-se as entregas não efectuadas, fazem-se conferências, atentam-se as reclamações dos clientes, procuram-se a melhor solução para todos os problemas.
           
Apesar do fluxo contínuo de trabalho, o ambiente de hora em hora vai-se tornando cada mais festivo. Um grupo de supervisores entra no escritório com barretes vermelhos nas mãos e distribuem-nas pelas cabeças dos colaboradores. Trocam-se sorrisos. Alguns motoristas acabando mais cedo as suas rotas enviam mensagens saudando e agredecendo toda a equipa a ajuda prestada neste dia e durante todo o ano.
           
Porém, quando tudo parecia correr bem, de súbito assalta-nos uma notícia. "Epa, falei agora com o zeferino e ele informa que acabou de ter um acidente... pa, não sei como aconteceu, mas homem está a chorar cuitado", diz um colaborador de voz nasalada. Em cada face o riso vacila, todos ficam preocupados, suspende-se o clima alegre por momentos. Os supervisores alarmam-se e reunem-se a volta de um computador e de um telefone; entram em contacto com o motorista de modo a saber o estado da sua situação, analisam a sua rota e pedem que nos ocupemos com os clientes que ainda restam na sua lista de entregas, procura-se a melhor resolução por forma a satisfazer as diferentes partes envolvidas na situação: o motorista que não está no melhor momento, o cliente que espera o seu artigo que possivelmente será a sua prenda de natal á um familiar ou á um amigo, a loja que fez a venda do artigo e que poderá perder a sua credibilidade diante deste mesmo cliente.
            
"Tchii cuidado, é preciso ter falta de sorte. Logo no Natal acontecer isto ao homem", exclama uma mulher sentada no meu lado esquerdo. Com sorte tudo acaba bem. Finalmente enceram-se todas as lamentações e grandulamente o júbilo vai tomando novamente o espirito da equipa.
             
Chega a hora das despididas. Passam quinze minutos depois das duas da tarde. Á medida que vão restando menos entregas a gerir, vamos abandonando o escritório a conta-gotas. Aqueles que cedo vão partindo deixam aos outros os seus mais sinceros votos. "Ô! Bom natal, até segunda. Forte abraço a todos", gritam ao sair.... Aceno e aguardo que a minha vez também chegue. Restam apenas duas entregas a serem feitas e todos com olhos postos no ecrã do computador esperamos pelo sinal dos motoristas. "Esta cena devia ser todos os dias", penso para comigo mesmo entretanto. E perante a perspectiva das duas mil entregas que terão que ser geridas na segunda feira, lanço este comentário, em jeito de brincadeira, ao meu colega de lado: "pa, o incrível que toda esta gente que anda hoje muito alegre vai estar com uma cara de fudido na segunda, meu!", digo-lhe. "Memo a sério, cheval!", responde com um sorriso aberto. "É bom que o natal nos compense", acrescenta instantes depois.
           
Por fim, é chegado a minha hora. Antes de eu sair restava apenas uma entrega a ser feita. Era um daqueles casos especiais que obrigava a empresa a usar os últimos trunfos de modo a satisfazer as exigências do cliente. Da minha parte, desejo o melhor ao motorista; que ele faça bem a entrega do artigo e que ele próprio chegue bem entregue junto dos seus. Despeço-me da mesma forma que os outros o fizeram e abandono o escritório.

                                                                 24 de Dezembro de 2010

sábado, 25 de dezembro de 2010

Breves notas soltas...

De todos os animais que os meus olhos algum dia tiveram a oportunidade de observar, a formiga é das que jamais pretendo seguir o exemplo. A meu ver, é das especies que possui menor sentido de nobreza, menor senso de dignidade. A sua pequenez resulta do facto de constantemente agir em consonância com um certo instinto gregário e não pelo chamamento dos seus próprios desejos. Labuta sem cessar e sem constentar; executa rotineiramente e até á exaustão as mesmas tarefas. Nunca dá uso da criatividade, pois toda a acção criativa é um acto individual. 

"Não fazer nada é uma atividade interior; não é preguiça, é reflexão." Albert Cossery


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O início de mais uma etapa

"Amanhecer de Lisboa com Nevoeiro" (1)

É uma manhã pálida e fria como tudo que se abre diante dos nossos olhos e nos convida á total inação. A sua lividez é tão opaca que, ao longe, apenas vislumbramos os contornos dos edifícios. A nesga luz solar que por vezes irrompe o seu manto de névoa, molha-nos o rosto com breves cintilações, ligeiramente quentes.
            
Os ponteiros do relógio marcam nove horas e meia da manhã. E cada pessoa  mentaliza á sua maneira o modo como irá confrontar os restantes dias da semana.
            
Gradualmente a cidade desperta o seu êmbolo e põe em acção todo o seu movimento: um homem de baixa estatura, calvo e histérico informa via telemóvel que chegará atrasado ao encontro combinado; de mochila as costas e passo cadenciado, um jovem com auriculares postos nos ouvidos escuta absorto as canções que se apoderam da sua mente, com esperança de extrair delas as energias necessárias para suportar as primeiras horas de instrução; um senhora com um súbito passo de ginástica entra, aliviada, dentro da carruagem de um comboio prestes a partir...
            
Enfim, sob o denso nevoeiro o dia começa com todo o seu teatro pitoresco, dinâmico, humano.



(1) - fonte: http://picasaweb.google.com/lh/photo/dmYYpsfR-22ICpBxoUT-Hg

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Este Livro... Sou Eu


"L'issue lumineuse", Maria-Helena Vieira da Silva. 

Se alguma vez passaram pela experiência (se não passaram, experimentem!) que é entrar numa biblioteca ou numa livraria por iniciativa própria, convido-vos a relembrarem a primeira vez que o fizeram; apelo a vossa memória mais precisamente para o sentimento que experimentaram naquele momento de impasse quando, mesmo com uma possível escolha em mente, tendo diante de vocês um tão grande número de livros igualmente apelativos, teriam que se decidir necessariamente por uma delas. Mais: desafio-vos mesmo a recordarem-se das possíveis razões que vos levaram a fazer a escolha que fizeram naquele instante. Quanto tempo despenderam? Dez minutos? Uma hora? Não se deram pelo tempo a passar?
               
Permanecer durante horas num mesmo espaço absorto num cenário que nos desafia - AQUELA estante. Dedilhar impacientemente a capa dos livros expostos nela. Suspender bruscamente este mesmo movimento com o polegar e o indicador a apontarem cada um deles uma escolha e a batalharem pela preferência das mesmas. Retirar dois ou três livros, ler trechos, hesitar, olhar ao redor na esperança de descobrir uma possivel salvação...  Este ritual não é, de certo, alheio à todo aquele que está habituado a visitar estes locais com alguma frequência. E propunha a todos aqueles que nunca o vivenciaram a passarem por ela. Pois é um acontecimento singular nas nossas vidas que, como muitos que tomaram contacto com ela, se aperebem mais tarde, acaba por infundir grandes transformações nos restantes dias da nossa existência.
               
Mas porque é que isto acontece? Há livros marcantes, há livros que se gosta ou toda a gente gosta, há livros "complicados" e no entanto actrativos; há ainda aqueles que numa dada fase da nossa existência escapam á nossa compressão e nos obrigam  a interroper a sua leitura, sem todavia pô-las de parte pois a sua mensagem, por uma razão especial, era-nos próxima. Enfim, há livros para todos os tipos de temperamentos. Sendo assim, o padrão que geralmente utilizamos para julgarmos as muitas obras que passam pelas nossas mãos são na maior parte das vezes simples manisfestações subjectivas. Esta ideia é melhor ilustrada no quadro que introduz este post.
              
Intitulado "L'issue lumineuse" (Saida Luminosa), esta obra foi pintada pela artista portuguesa Maria-Helena Vieira da Silva entre os anos, 1983 e 1986. Insere-se num periodo particularmente difícil da vida pessoal da pintora: a sua conclusão deu-se um ano após a morte do seu marido, Arpad Szenes também ele pintor. É uma tela desconcertante pois que sobresai nela  uma enorme luminosidade que contraria fortemente o sentimento que mais ocupava o espírito da artista naqueles anos. Os quadros desta pintora possuem a particularidade de nos pôr em contacto com espaços tridimensionais muito próximos de cenários reais, de nos colocar perante áreas fictícias que engendram em si inúmeras interpretações. Na tela presente em cima, este espaço aparenta ser constituido por um aglomerado de pinceladas horizontais em diversas cores que geralmente é tido como sendo uma pilha de livros. Essa sensação de espaço é aumentada pelo portal luminoso no centro, que dá uma sensação tão potente de distância para além, como se abre igulamente para o infinito. E é precisamente neste portal que reside, a meu ver, o significado do fenómeno da descoberta de um livro.

Portanto, não só nos encontramos conosco próprios, como também com o livro descobrimos o(s) mundo(s).  É por meio dela que nos projectamos em terras distantes que nos põem em presença daquilo que no mais fundo caracteriza a nossa pessoa.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Breves notas soltas...

Alguns defeitos nascem connosco e não desaparecem. Todavia, se voltarmos a nossa atenção para nossas qualidades, procurando minuto à minuto, hora após hora, dia após dia incrementa-las e fortifica-las, estou certo que os efeitos daquele pouco ou nada nos afectarão.


Breves notas soltas...

Não ames demasiado o sofrimento, ao ponto de não poderes viver sem ele.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Os Dias que Lentos Passam

Estas águas outrora foram vencidas.
    Cavalgaram nela ousados marinheiros
    agora consagrados. Bordejaram incertas
    Costas e definaram redondo, o mundo.

Brilho leitoso, o sol. Certo Homem lança
    Airosamente a fina linha de pesca à verde
    Superficie ondulante. Aguarda daqui a algumas
    Horas pescar um pouco de serenidade.

Em dias amenos os amantes optam ritualmente
    Por um passeio nas margens do rio. Em beijos
    E abraços presenteiam-se com promessas eternas.

Fresco e saudável, o ar aqui reconforta e restaura
    O casanço das longas caminhadas dos turistas. Ao sol
    Pôr este local prende a sua atenção para os dias que lentos passam.

Gira Disto! [1º]

Original: Led Zeppelin (Composição: Jimmy Page / Robert Plant)
Interpretação: Stone Temple Pilots

            Nada melhor para começar do que com um pouco de Rock'n'Roll, pois é um dos géneros musicais cuja criação se situa num periodo da história que nos legou um leque tão grande de tão belas canções. E também pela razão de que se não fosse os artistas desta época a etregarem-se com afinco na demanda de roperam com certas formas estabelicidas do seu tempo, possivelmente a música que actualmente escutamos e nos vangloriamos não teria tanta cor e brilho como a que tem.
          Posto isto, resolvo-me a introduzir esta rubrica, nada mais nada menos, do que com uma magnífica canção daquela que foi um dos grupos mais fulgurantes,  mais prolíficos e mais geniais deste periodo e de toda a história da música - os Led Zeppelin. Falarei mais especificamente da canção denominada  "Dancing day's" desta mítica banda inglesa, formada em 1968 e cujos integrantes eram: Jimmy Page (guitara), Robert  Plant (vocais), John Bonham (bateria) e John Paul Jones. No entanto, apresento esta canção na voz do irreverente Scott Weiland, actualmente intregrante dos Velvet Revolver, acompanhado com os membros da banda na qual pertencia no momento da gravação deste cover - os Stone Temple Pilots. A minha escolha por um lado é pessoal: esta é simplesmente a música que, num universo tão grande de belas canções que este agrupamento possui, a que eu mais venero. Contudo, decide-me por ela em detrimento de outras tantas por três razões: primeiro, pelo facto de ocupar um lugar especial na carreira dos Led Zeppelin; segundo, porque as razões inerentes á sua criação é das que melhor expõe o espirito artístico daquele tempo e terceiro, devido particularmente a esta nova interpretação na voz de um dos artistas que melhor exprime nos nossos dias toda aquela atmosfera vivida por Plant, Page e companhia.
        "Dancing day's" foi lançado pelos Led pela primeira vez em 1973, naquela que foi o quinto album da sua carreira - "Houses of the Holy", sob o selo Atlantic Records. Consta que a música foi inspirada por uma cantiga indiana que Jimmy Page e Robert Plant haviam escutado aquando da sua viagem á Bombaim, actual Mumbai. O nome da canção advem do sentimento que experimentaram no regresso após a sua gravação: ficaram tão extasiados com o resultado do trabalho feito que, contentes, sairam do estúdio em Stargroves (propriedade que a banda mantinha na extremidade este, em Newbury na Inglaterra) e correram aos pulos o revaldo da propriedade e dançaram ao seu ritmo.
        Este disco é uma auténtica pérola na curta e singular existência dos Led Zeppelin pois marca um mudança de estilo no som da banda. Traz consigo um conjunto de grandes canções que posterioremente haveriam de se transformar em porta estandartes de toda a obra deste músicos, tais como o electrizante "The Song Remains The Same", o surreal  "No Quarter" e o festivo "The Ocean". Para além do blues que nos trabalhos anteriores era a influência mais predominante, neste cd eles vão mais longe e em algumas canções, como por exemplo "D'yer Mak'er" e "The Crunge" incorporam novos géneros musicais, com uma impresionante perfeição.

"Dancing days are here again,
As the summer evenings grow.
I got my flower, I got my power,
I got a woman who knows.

I said it's alright,
You know it's alright,
I guess it's all in my heart.
You'll be my only,
My one and only,
Is that the way it should start?

Crazy ways are evident,
By the way you wearin' your clothes.
Sippin' booze is precedent,
As the evening starts to glow.
You know it's alright,
I said it's alright,
You know it's all in my heart.
You'll be my only,
My one and only,
Is that the way it should start?

You told your mother I'd get you home,
But you didn't say I got no car.
I saw a lion, he was standin' alone,
With a tadpole in a jar.

You know it's alright,
I said it's alright,
I guess it's all in my heart, heart, heart.
You'll be my only,
My one and only,
Is that the way it should start?

So dancing days are here again,
As the summer evenings grow.
You are my flower, You are my power,
You are my woman who knows.

I said it's alright,
You know it's alright,
You know it's all in my heart.
You'll be my only,
My one and only,
Is that the way it should start?
I know it isn't. ."

                  É também de referir que "Houses of the holy" foi o último album da banda a ser lançado pela editora Atlantic Records. Após este eles criaram a sua própria editora denominada Swan Song Records. Todavia, no momento do lançamento do disco, em Março desse ano, a primeira canção que foi posta circular nas rádios foi precisamente este - "Dancing Days". Apesar da sua "simplicidade" é suberbo o poder lírico que a canção engendra. É uma balada que gira toda ela em torno do sentimento de pertença inserido numa atmosfera estival que lhe confere brilho e encanto.
                Para finalizar, falemos do cover em si. Geniais são os artistas que conseguem criar coisas tão belas que um grande numero de pessoas se revê nelas. No entanto, geniais também são outros artistas que conseguem no seu tempo, bem interpretar e actualizar as obras dos primeiros, permitindo-nos relembrar/reviver a atmosfera e a magia dessas criações.
               O Stone Temple Pilots era uma banda de rock americano formada, em 1986, em California. Para além de Scott Weiland pertenciam também á banda nomes como Eric Kretz (bateria) e os irmãos Robert DeLeo (baixo) e Dean DeLeo (guitara). Alcançaram renome internacional com aquele que é, até hoje, o seu album mais aclamado -  "Core", cujo maior sucesso foi "Plush". Devido aos problemas pessoais que naquela altura o vocalista da banda enfrentava, os restantes membros foram obrigados a cessar o projecto. Todavia, não o fizeram sem antes nos deixarem este magnífico cover que pode ser encontrado num disco intitulado "Encomium: A tribute to Led Zeppelin" realizado pela antiga editora  deste, na qual os Stone Temple Pilots também pertenceram.



 

Gira disto!

Certo dia Thomas Jefferson proferiu esta tão bela setença: "Aquele que recebe de mim uma idéia tem aumentada a sua instrução sem que eu tenha diminuído a minha. Como aquele que acende sua vela na minha recebe luz sem apagar a minha vela. Que as idéias passem livremente de uns aos outros no planeta, para a instrução moral e mútua dos homens e a melhoria de sua condição, parece ter sido algo peculiar e benevolentemente desenhado pela natureza ao criá-las, como o fogo, expansível no espaço, sem diminuir sua densidade em nenhum ponto."




Vem-me esta frase a propósito de uns tempos para cá ter ganho hábito de ouvir, com enorme corusiodade, covers de canções de vários géneros feitos por bandas ou músicos concetuados. E neste sentido, uma das ideias que sempre acompanhou a minha vontade de um dia vir criar um blog foi o de coligir numa rubrica semanal estes mesmos trabalhos e sempre que possivel num contexto multidisciplinar (literatura e música) refletir sobre este tema: o da influência/importância que a obra de uns músicos teve na de outros.

Um breve... começo

São meia noite e ciquenta e um, e eu inicio este blog. Nem sei o que escreva.... tantas vezes hesitei em fazer isto.

      "mas espera lá, vais expôr as tuas ideias assim na net sem mais nem menos? Sem os pôr à prova? Não corres o risco de na ausência de crítica criares uma imagem desturcida das tuas capacidades? Queres te habilitar a ser, uma vez ou outra, mal interpretado ou mesmo insultado por gente desconhecida -  ou mesmo conhecida? mas porque raio queres fazer isto?!"
      
Nada na vida dura para sempre. E por vezes basta adiar um instante a realização de uma coisa ou desviarmos um momento apenas a nossa atenção dela, para que nunca mais logremos obter a sua concretização.
É desta ideia que nasce este blog - do chamamento impetuoso daquilo que não é eterno, daquilo que clama mais pela nossa pessoa, daquilo que possui um carácter mágico, precioso. Como o prórpio título e descrição deste blog sugerem, procurarei aqui expôr sempre que me for possivel alguns pensamentos, imagens e canções de tudo aquilo que no pequeno prisma do meu dia-a-dia se revestiu dessa qualidade... e com sorte a pude captar.